Desde quando surgiu, em meados dos anos 1990, e até hoje, o comércio eletrônico vem transformando profundamente o comportamento de compra dos clientes.
Cada dia mais empoderados, os consumidores podem facilmente consultar e comparar preços, ler resenhas e assistir vídeos sobre os produtos, e muito mais, tudo isso 24 horas por dia.
Por outro lado, os varejistas online passaram a ter acesso a informações valiosas sobre a jornada de compras, pois tudo que o cliente faz no site é facilmente rastreável e medido.
Essa facilidade de mapear gerou um novo universo de dados e potenciais análises, também conhecido com o nome genérico de analytics.
Se no passado os varejistas precisavam contratar uma pesquisa de mercado para identificar questões importantes sobre o comportamento de consumo, agora um grande número de dados estão disponíveis em relatórios e dashboards.
À medida que as plataformas de comércio eletrônico evoluíam, a captura de dados aumentou de forma exponencial, gerando o conhecido bigdata do varejo.
Embora o termo bigdata pareça algo recente, ele surgiu no final dos anos 90, para designar a quantidade colossal de dados não estruturados gerados a cada segundo na internet e outros sistemas de informação.
A questão chave não está na quantidade colossal de dados, mas que eles não estão estruturados de maneira a fornecer informações que de fato são valiosas para os varejistas tomarem decisões melhores e mais assertivas.
Para incrementar ainda mais o volume de informações, nos últimos anos, uma série de empresas de tecnologia investiu na geração de mais dados sobre o comportamento de compra, desta vez com foco nas lojas físicas.
As fontes desses novos dados podem ser desde as transações com cartão de crédito, passando pelas câmeras de segurança, chegando até sensores desenvolvidos especificamente para contagem de fluxo de clientes na loja, entre outras formas de captura.
O bigdata ficou ainda maior, mas o problema ainda persiste: nesse universo quase infinito de dados, o que realmente interessa saber sobre os consumidores para vender mais?
Talvez a resposta esteja mais próxima do fator humano do que na tecnologia empregada, na capacidade de fazer um bom briefing antes de desenhar um relatório do que no volume de dados captado, na experiência de analisar corretamente o resultado do que nas infinitas possibilidades de cruzamento de variáveis.
Mas o que mais se vê é a tentativa de eliminar o fator humano dessa equação, novas tecnologias com nomes sugestivos como deep learning e inteligência artificial são anunciadas como a solução final, que vai gerar insights mágicos para os varejistas venderem mais.
Sem dúvida deep learning e IA são ferramentas incríveis e devem ser exploradas ao máximo, mas essas tecnologias não vão saber fazer as perguntas certas, nem selecionar as variáveis que realmente importam para entender o comportamento de consumo.
Não se pode confundir a ferramenta com o benefício ou potencial resultado.
Só depois de muito tempo com a “barriga no balcão” do varejo, um profissional de pesquisa ou consultor pode de fato oferecer insights verdadeiros e práticos.
Assim, mesmo com todo o avanço da tecnologia, analytics, bigdata, IA dos últimos anos, nunca foi tão importante para o varejo a utilização de profissionais bem formados e experientes na lógica do que acontece dentro da loja, todos os dias.
Gustavo Carrer, consultor de varejo e editor do varejoemdia
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